Desde que a
epidemia começou o mundo que conhece-mos já á muito acabou, eu e o
meu irmão mais velho Merle, vimos, o começo da exterminação da
raça humana. O primeiro infectado que matei foi o nosso pai, para
dizer a verdade foi-me muito fácil de o fazer, já que ele e eu não
tínhamos uma ligação muita emocional um com o outro. Mas com o meu
irmão as coisas eram diferentes, ele ficou um pouco deprimido com a
morte dele.
Eu e Merle obtámos pela vida
nómada, não ficamos mais de três dias no mesmo sitio, pelas zonas
que parávamos abastecíamos com o que fosse útil.
Nos encontros que tinha-mos
com mortos-vivos descobrimos que o barulho de armas ou até mesmo
outro instrumento que produzi-se som atrai-os, por isso obtámos ter
encontros corpo a corpo com eles e só em ultimo caso usar armas de
fogo.
O luar da noite lembrou de
que os três dias de estadia em Garden City tinham chegado ao fim. O
nosso refugio era uma velha casa não muito grande, mas um pouco
degradada. Todas as janelas da casa estavam seladas por tiras de
madeira.
Não era zona era muito
movimentada, mas de vez em quando aparecia um ou outro morto-vivo a
vaguear pelas redondeza.
Nós fazemos sempre turnos de
vigilância durante a noite, isto porque os mortos tornam-se mais
activo nessa altura.
Para diz a verdade não me
preocupo muito com o futuro, apenas tenho que sobreviver o dia a dia.
– Ei rapaz, porque olhas
fixamente para a navalha? Estás á espera que aconteça algum
milagre? – Diz Merle rindo-se num tom irónico.
– Nem por isso. Apenas
quero ir dormir, já que amanhã estamos de partida. – Olhando para
ele, com um pouco de desprezo.
– Então vai dorme bem meu
rapaz, porque amanhã iremos ter um longo caminho a para fazer. –
Levantando-se da cama espreguiçando-se.
Arrumei a navalha no meu
bolso, olhei para o meu irmão este apenas sorria-se a olhar os
mortos.
– Pobres ratos, nem sabem
a onde cair mortos.
Deitei-me. Meu pai sempre
olhou-o como filho favorito, já que ele era muito parecido com ele.
Todas as vezes que íamos á caça o meu pai nunca elogiou-me, uma
única vez, dizia sempre que eu parecia mais uma rapariga a caçar do
que um homem. Houve uma vez que eu e o meu pai discutimos
violentamente a única coisa que lhe disse naquela vez foi que seria
eu a mete-lhe uma bala no crânio se ele não muda-se de atitude
comigo. Como a ironia do destino é lixada.
Os raios de sol acordaram-me.
Merle já estava pronto, comia um snack.
– Estava haver que “a
bela adormecida” nunca mais ia acordar. – Olhando para mim. –
Toma. – Passando-me um snack.
Após comermos, observamos
atentamente se havia algum morto por perto. Nada indicava a presença
de algum.
– Bem, isto é a nossa
saída, daqui. – Levantando-se.
Cá fora a temperatura é
amena. Para nossa sorte a uns metro dali encontrava-se uma velha
carrinha.
– Parece que a nossa
viagem não vai ser assim tão difícil e longa. – Otimista.
Merle abre a porta do
condutor, liga a carrinha da forma tradicional, isto é como se
tivesse a roubar a carrinha.
– Vais entra ou vais ficar
a ver?
Entrei, fomos os em silencio
pelo caminho. Já vimos vários grupos de sobreviventes nas nossas
viagens, muitos deles amostravam o pavor nos seus olhos, nós nunca
tivemos intenção de nos juntarmos a eles, alias isso só iria
atrapalhar-nos, apesar de não ter-mos um destino definido.
Da terra batida passamos para
uma estrada de alcatrão e dela passamos para uma via rápida, antes
de prosseguirmos, fizemos um breve análise dos mantimentos primários
como primeiros socorros, comida, água e munições.
– Temos falta de primeiros
socorros. – Disse.
– Ok, então vamos até
Ingalls.
Os 40 km que separavam Garden
City de Ingalls passaram num instante, a paisagem era sempre a mesma,
desértica por vezes viamos alguns carros na estrada abandonados ou
então alguns mortos-vivos parados a fazer nada.
– Aqui estamos.
– Mais uma cidade
fantasma. – Disse.
– Ou então mais uma
cidade para treinar a técnica. – Empolgado.
Saímos da carrinha, o
silencio do local era tão monótono, apenas o som do vento nos
saudava.
– Vamos dar uma vista de
olhos. – Diz Merle a tirar a sua navalha de cabo preto do bolso.
– Ok. – Posicionado a
minha arma de flechas de arco automática em sentido.
Caminhava-mos lado a lado um
do outro, com passos lentos em alerta máxima até á primeira
farmácia que encontramos.
– Vai tu lá dentro rapaz,
que eu fico aqui. – Diz Merle ordenando.
Não gostei da atitude dele,
mas parecia o nosso pai.
– Ok.
Abri a porta da farmácia,
pela poeira que pairava no ar a loja já estava á muito tempo
abandonada, mas as prateleiras em si estavam cheias de caixas de
medicamentos.
– Analgésicos,
inflamantes e compressas. – Pondo as caixas dentro da mala que
trouxera.
De súbito ouço algo a cair
no chão pôs-me logo em alerta, com a minha arma de flechas
automáticas na mão, aproximei-me lentamente do local de onde veio o
barulho, olhei para um lado e para outro mas nada, até que vi uma
sombra de alguém.
– Aparece!!!! – Disse em
voz alta.
A sombra levanta-se vi que
tinha formas femininas.
– Por favor não dispares.
– Com uma voz tremula. – Eu apenas estava....
De seguida um morto aparece,
a mulher grita apavorada.
– ABAIXA-TE!!!!
E foi o que fez. A flecha que
disparei acerta em cheio no crânio do morto, tombando para trás,
ficando imóvel. A mulher cai de joelhos encolhendo-se toda,
paralisada com medo.
– Este já não é uma
ameaça. – Retirando a flecha do crânio dele.
Vi que ela tinha traços
asiáticos, o seu cabelo longo de cor escuro era liso como a seda,
seus olhos verdes amostravam medo e receio. Eu virei-lhe costas,
dando um pouco de desprezo a ela.
– Espera. – Disse.
– Hum. – Voltando-me
para ela.
– Será que posso ir
contigo? – Num tom suplicante.
– Hum... Não me parece. –
Num tom frio.
Ela apenas olha para o chão
desapontada com a minha resposta. Levanta-se com alguma dificuldade
apoiando-se nas estantes metálicas, já que ainda tem as pernas a
tremerem. Quando dirigi-me para saída aonde Merle esperava-me, ouço
a estante a ceder, a mulher surpreendeu-se, a única que fiz por
instinto foi puxa-la agarrando-a até a mim encostando ela á parede,
para protege-la dos objetos que caiam sucessivamente da estante.
Olhei-a, ela apenas olhou-me espantada, uma das suas mãos tocava-me
no peito. Os nossos rostos estavam bem próximos um do outro.
– Estás bem? – Disse
afastando-me dela.
– Sim, obrigada. – Um
pouco corada.
– Porque demoras tanto,
rapaz? – Diz Merle num tom alto á entrada da farmácia. – E que
barulheira foi essa? Por caso não sabes as consequências disso? –
Um pouco irritado.
Nada disse apenas
encaminhei-me para saída.
– Por favor, deixa-me ir
contigo. – Agarrando-me o braço com olhar suplicante.
Apenas solto-me da mão dela
num movimento um pouco brusco, virando-lhe as costas.
– Por favor. – Já em
choro.
Parei. Voltei-me para ela,
atrás dela vi mortos entrarem pelas traseiras.
– Maldição. Anda
depressa. – Agarrando-lhe o braço.
Cá fora o meu irmão estava
encostado á carrinha.
– Então era isso. –
Rindo-se. – Até com chinocas o fazes. – Metendo-se comigo.
– Liga o motor rápido
eles estão ai. – Abrindo a porta de lado. – Entra ai.
E foi o que fez a mulher.
– Aquele estrondo da
estante deve tê-los atraio-os. – Entrando para o lugar da frente.
– Vamos a isto. –
Ligando o motor. – Miúda. – Olhando-a pelo retrovisor – isto
após acalmar, tu seguiras o teu caminho e nós o nosso,
compreendido?
– Sim.
– Já agora qual é teu
nome? – Pergunta Merle.
– Tsubaki Lika. – Um
pouco envergonhada. – E vocês?
– Eu sou Merle Dixon e ele
Daryl Dixon.
Olhei-a pelo retrovisor, ela
apenas deu-me sorriso.
– Obrigada. – Disse.
– Não tenhas a ideia erra
disto, miúda. – Diz Merle num tom serio. – Qual é a aproxima
cidade mais perto? – Perguntando-me.
– Cimarron fica a 10 km
daqui, é lá que está o meu grupo. – Diz a mulher.
– Ok, assim abasteço a
carrinha.
Pergunto-me porque terei a
salvo, podia ter deixado a estante caído em cima dela. A expressão
de pavor dela, fez lembrar-me a minha mãe, ela nunca fora feliz com
o meu pai, mas ela sempre mantinha-se firme diante nós com um
pequeno sorriso.
Vi Tsubaki olhar pela janela
da carrinha de certo modo com olhar preocupado.
Mas de qualquer forma isto é
só um pequeno imprevisto, que acabara rapidamente.