O percurso até
Cimarron não tardou em terminar, porque a via rápida estava cheia
de carros abandonados a bloquear a passagem.
– Mas que merda!!! – Diz
Merle irritado com a situação. - A nossa única solução neste
momento é irmos a pé até Cimarron. – Tirando a mochila dele e
armas.
Tsubaki saio também da
carrinha.
– Pergunta ai á tua amiga
se sabe manejar alguma arma. – Diz Merle num tom baixo.
Aproximei-me dela,
perguntei-lhe, está diz que não, faço sinal ao meu irmão
respondendo-lhe á pergunta. Ele aproxima-se.
– Miúda, um aviso se não
acompanhares o nosso ritmo deixamos-te para trás sem hesitar. –
Num tom serio.
– Ok. – Tsubaki num tom
baixo.
– Penso que deveríamos ir
pelo bosque, ao menos lá estamos mais seguros e podemos esconder nos
arbustos. – Olhando para bosque. – Tenho a certeza que dará á
cidade.
Passamos sobre as faixas de
segurança da via rápida descendo uma pequena vala até terra firme.
Meu irmão é quem liderava o caminho, enquanto eu ia atrás e
Tsubaki no meio de nós. Vi que ela estava um pouco insegura
connosco, pelo caminho ouvimos um pequeno riacho.
– Parem!!! – Ordenou
Merle. – Parece que alguém passou por aqui.
– Olhando para um pequeno
arbusto, a onde seus ramos estavam quebrados. –Pela seiva fresca
que está aqui não foi á muito tempo. – Voltando-se para nós.-
Deve andar aqui algum morto. – Com sorriso nos lábios.
Prosseguimos com o nosso
caminho pelo bosque sem grandes preocupações. Penso que pelo menos
andamos umas 3 horas e 30, isto por causa do posicionamento do sol.
Reparei que Tsubaki começava a ficar ofegante, mas mesmo assim ela
continuava ao nosso ritmo, até que as suas pernas cederam por
completo.
– Penso que não
esqueces-te do que disse, certo?
– Sim não me esqueci. –
Levantando-se com alguma dificuldade. – Podemos continuar.
Merle recomeçou outra vez
andar a passo rápido, mas Tsubaki andava lentamente apesar de querer
acompanhar nosso ritmo. No horizonte o sol já começava-se a pôr.
– Teremos de acompanhar
aqui. – Diz Merle poisando a mochila. – Meu rapaz vai á procura
de lenha que eu trato do nosso perímetro de segurança. –
Olhando-me.
– Ok.
– E eu? – Diz Tsubaki –
Em que posso ajudar?
– Bem tu....tu....-
Pensando. – Sabes fazer uma fogueira?
– Não. – Um pouco
desapontada com a sua resposta.
– Então....hum....
– Ela pode vir comigo
encher as garrafas de agua no rio aqui próximo. – Disse pegando na
minha arma.
Merle sorri-se com ar
pervertido.
– Espero que aproveites
bem. – Rindo-se enquanto começar a marcar o perímetro.
– Como querias. –
Virando-lhe costas com desprezo.
Tsubaki acompanhou-me a bom
ritmo, mas por pouco tempo pois ainda não tinha recuperado o folgo a
cem porcento. O som da agua acorrer indicou-nos que estávamos perto,
para minha surpresa havia pequenos troncos de iam dar jeito para a
fogueira. Dei a Tsubaki as garrafas que eram para encher. Como ela
tinha uma subtileza incrível e cuidada na execução da tarefa.
– As garrafas já estão.
– Com sorriso nos lábios.
– Ok, isto deve chegar
para a fogueira. – Com três troncos médios, por baixo dos meus
braços.
– Queres que te ajude a
levar algum tronco?
– Não é preciso, alias
ainda não recuperas-te o teu folgo a cem porcento e isso só iria
atrasar. – Num tom pouco brusco.
Nada disse Tsubaki apenas
olhou para o chão com as garrafas ao colo.
– Vamos.
Pelo caminho de regresso vi
claramente que Tsubaki estava um pouco magoada. Talvez
fui um pouco brusco com ela.
Ao aproximar-mos do acampamento um terrível odor pairava no ar. Um
odor a podre a cadáver em decomposição.
– Sejam bem aparecidos. –
Dando uns últimos toques nas pedras que circulavam o acampamento. –
De certeza que eles não atreveram vir até aqui. O nosso cheiro será
disfarçado com este que paira no ar. Tive sorte em encontrar um aqui
a vaguear.
– Vou fazer a fogueira. –
Disse poisando a lenha, aonde iria realizar a tarefa.
Merle começou a montar as
tendas, enquanto Tsubaki poisava as garrafas e observava-me a fazer a
fogueira atentamente.
– Incrível. Eu nunca foi
muito boa em acampamentos, o meu ex-noivo é que é.
– Hum.... – Sem muito
interesse no que dizia.
– Estou desejosa por
chegar a Cimarron, para poder vê-los.
– Afinal o que fazias
naquela farmácia abandonada? – Um pouco curioso.
– Bem é que eu e meu
ex-noivo somos os únicos do grupo que tem conhecimentos médicos,
ele pediu-me que fosse juntamente com um grupo para ir buscar
medicamentes – Explicando-se. – mas fomos surpreendidos pelos
mortos, e depois todo aconteceu tão depressa. A única coisa que
lembro-me fui do meu corpo estar paralisado pelo medo e .... –
Franzido o sobrolho. – Já estava lá alguns dias, talvez á dois,
não sei bem....
Nesse momento o estômago de
Tsubaki range por ter fome, ela cora um pouco envergonhada.
– Toma. – Atirando-lhe
um snack.
Olha-me surpreendida pela
minha acção.
– Obrigada. – Agarrando
gentilmente o snack.
Em poucos segundos devorou o
snack com grande satisfação.
– Delicioso.
– Bem eu vou caçar antes
que anoiteça de vez. – Diz Merle, preparando-se para sair.
– Espera –
Aproximando-me dele. - e ela?
– O que tem? –
Desprezando-a. – Eu não sou pai dela, ela terá de se
desenvencilhar. – Voltando-me as costas.
– Por favor espera. –
Tsubaki aproximando-se de nós. – Peço-te, que tragas também para
mim. – Com olhar suplicante. – Eu posso pagar-te com mantimentos
ou munições assim que chegarmos Cimarron. – Com algum desespero
na voz.
– Gosto dessa proposta.
Sendo assim, todo bem. – Sorrindo-se para ela. – Vou indo.
Tsubaki senta-se no chão a
olhar a fogueira.
– Eu gostava de poder ser
mais útil no campo de batalha. – Pondo seus braços á volta dos
joelhos com o queixo sobre eles. – Meu pai nunca deixou-me manusear
qualquer tipo de armas dizia-me sempre que era coisas de homens, as
mulheres não tinham esse direito. Como era antiquado. Para dizer a
verdade não tenho nenhuma saudades dele.
Nada disse, apenas fiquei em
alerta máxima para um possível imprevisto. A noite já se via e com
ela troce uma leve brisa fria, Merle chega, trazendo consigo um par
de esquilos e umas rãs selvagens. Preparou-os para assa-los.
– Espero que te agrade. –
Sentando-se ao pé da fogueira a observar a comida.
– Claro que sim, é não
te preocupes. – Diz Tsubaki.
– Meu rapaz, hoje dou-te a
honra de fazeres o primeiro turno. – Olhando para mim.
– Ok não te preocupes. –
Pegando num esquilo assado pronto a comer.
Merle pega nas perninhas de
rã para comer, bem como Tsubaki. A sua forma de comer era bastante
elegante, apercebi-me que ela de algum modo estava agora a gostava da
nossa companhia.
– Que delicia. – Diz
Merle. – Agora para acabar em beleza, nada melhor que uma boa
pinga. – Tirando um pequeno frasco de Whisk. – Vou deitar-me. –
Ao encontro da sua tenda.
Durante algum tempo nós os
dois não dissemos nada, apenas a chama da fogueira preenchia os
nossos olhos semicerrados. Vi que ela encolhia-se um pouco. Será
que tem frio?
Levantei-me até á minha tenda de lá tirei uma pequena manta.
– Toma, põe isto. –
Entregando-lhe e sentando-me ao lado dela.
– Obrigada. – Com
pequeno sorriso.- E tu não tens frio? – Um pouco preocupada.
– Nem por isso, estou
habituado a está brisa. – Contemplando a chama da fogueira.
– De onde és? –
Curiosa.
Demorei algum tempo a
responder-lhe, até que ela acabou por desistir da pergunta.
– Os meus pais emigraram
para a América quando tinha 12 anos, nunca foi a favor da mudança,
após a minha mãe morrer, meu pai e eu nunca tive uma relação de
pai e filha. Talvez por ter nascido rapariga. – Rindo-se com
amargura. – Sempre quis ter irmãos mais novos ou velhos, mas nunca
tive. Tu e Merle parecem darem-se bem.
Não estava nem um pouco de
acordo com a observação dela, nunca eide esquecer-me daquele dia em
meu irmão abandonou-me na floresta. Tive quase suas semanas sem
comer ou beber como deve ser, mas graças isso tornei-me mais
independente.
– Deve ser fantástico ter
um irmão que se preocupa connosco.
– Não fales do que não
sabes. – Num tom brusco para ela, levando-me com sobrolho franzido.
– Peço desculpa, não
queria....- Arrependida por ter perguntado.
A expressão de tristeza
dela, fez-me ver que talvez tenha ido longe de mais da maneira como
respondi-lhe.
– Eu apenas estou com o
meu irmão porque sozinho não iria sobreviver neste inferno. –
Sentando-me outra vez ao pé dela.
– Compreendo. – Olhando
para mim, a brisa da noite fez com que o cabelo dela dança-se.
– Desculpa-me por ter
respondido mal. – Num tom mais calmo.
– Sabes o que dizer
Tsubaki, Daryl?
– Hum....- Pensando.
– Camélia. Dizem que não
tem cheiro, mas têm vários tons de cor. Na minha antiga casa no
Japão tínhamos varias no jardim. Foi a minha mãe quem baptizou-me
com esse nome, ela sempre disse-me que todas as camélias tem um
cheiro especial. Como tenho saudades dela, e tu também tens saudades
da tua família?
– Porque queres saber
isso? – Um pouco irritado.
– Ok, eu não faço mais
perguntas até ao amanhecer!!!
A noite estava calma, sem
grandes alarmes, por vezes Tsunbaki bocejava.
– Se quiseres podes ir
deitar-te na minha tenda. – Apontando-lhe.
– Então aonde dormes tu?
– Curiosa.
– O que aconteceu ao “não
vou fazer mais perguntas até ao amanhecer”?
– Compreendido.
Tsubaki entra na minha tenda
e Merle sai da dele, para substituir-me na vigilância.
– Esta noite ainda só é
uma criança. – Num tom pervertido.
Nada disse apenas levantei-me
para ir dormir, dentro da tenda Tsubaki olha-me surpreendida,
sentei-me no chão, despi a camisola que tinha vestida, ela virou-se
de costas para mim um pouco corada. Não liguei muito á atitude
dela, senti um ligeiro ardor no braço, soltei um ligeiro gemido.
– Oh!!! – Diz Tsubaki
voltando-se para mim. – Deixa-me ver. – Pondo a sua mão no meu
braço.
– Não é preciso. –
Soltando-me dela com alguma brusquidão. – Vai dormir que amanhã
termos um longo dia pela frente.
– Por favor deixa-me ver,
se isso infecta será pior. – Num tom serio. – Eu sei do que
estou a falar.
– Como queiras, se te faz
mais feliz.- Cedendo.
Dentro do bolso da camisa ela
retira uma pequena embalagem. Talvez
fosse uma pomada.
Como era meiga a pô-la, via-se que tinha gosto no que fazia. Nossos
olhares cruzaram-se, por alguns segundos, senti algo diferente em
mim, foi uma sensação diferente de quando estou no campo de batalha
não ser explicar bem.
– É o mínimo que posso
fazer. Já está. – Satisfeita.
– Obrigada. – Vendo a
ferida.
– Ora essa, - Rindo-se.-
Boa noite. –Deitando-se de costas para mim.
Nada disse apenas deitei-me,
a respiração dela era inaudível. Voltei-me de barriga para cima
com a nuca apoiada nas mãos. Por algum motivo o sono não vinha,
virei o meu rosto, para ela a pele branca do rosto dela era quase
prefeita. Para dizer a verdade já muito tempo que não dormia
“acompanhado”. Se quisesse poderia ter tornado Tsubaki minha, mas
não sou demasiado “mau” a esse ponto para faze-lo ao contrario
do meu irmão que é bem capaz.
De qualquer forma, manhã ela
ira seguir o caminho dela e o nós o nosso.
...................................................................................................